Informatio
28(2), 2023, pp. 51-81
ISSN: 2301-1378
DOI: 10.35643/Info.28.2.13
Dossier temático «Alfabetización en información: perspectivas y desafíos»
1 Universidade Estadual Paulista (UNESP-Brasil). Correo electrónico: rbelluzzo@gmail.com
A área da Ciência da Informação recomenda e incorpora a formação de pessoas para facilitar o acesso e uso inteligente, ético e legal da informação para construir conhecimento e promover a intervenção assertiva na realidade social. Em meio ao cenário de transformações e mudanças, surge a necessidade de diferencial que contribua com o processo de avaliação e uso crítico da informação em ambientes e em diferentes suportes - a Competência em Informação, a Competência Midiática e a Competência Digital. O propósito deste artigo é apresentar um briefing sobre essas competências com reflexões teóricas das origens às tendências em espaços: econômicos, educacionais e culturais. Busca-se levar à compreensão a esse respeito e sua inter-relação interdisciplinar com temas de importância para a contemporaneidade. Trata-se de contribuição de natureza teórica com referenciais construídos por meio de uma revisão bibliográfica seletiva sobre essas temáticas. As conclusões apresentam algumas das principais tendências que envolvem essas competências e demonstram que os estudos teóricos e práticos com esse enfoque cias ainda estão em processo de expansão, em especial, no que diz respeito aos diferentes espaços para a sua promoção e o alcance das prioridades elencadas: pessoas, informação, conhecimento, tecnologias, educação, cidadania, aprendizagem ao longo da vida e o desenvolvimento humano e social.
Palavras-chave: COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO; COMPETÊNCIA MIDIÁTICA; COMPETÊNCIA DIGITAL; TECNOLOGIAS E MÍDIA; ERA DIGITAL.
El área de Ciencias de la Información recomienda e incorpora la formación de personas para facilitar el acceso y uso inteligente, ético y legal de la información para construir conocimiento y promover la intervención asertiva en la realidad social. En medio del escenario de transformaciones y cambios, existe la necesidad de un diferencial que contribuya al proceso de evaluación y uso crítico de la información en ambientes y en diferentes soportes - Alfabetización Informacional (CoInfo), Alfabetización Mediática y Alfabetización Digital. El propósito de este artículo es presentar una sesión informativa sobre estas habilidades con reflexiones teóricas desde los orígenes hasta las tendencias en los espacios: económico, educativo y cultural. Se busca conducir a la comprensión en este sentido y su interrelación interdisciplinar con temas de importancia para la contemporaneidad. Esta es una contribución de carácter teórico con referencias construidas a través de una revisión bibliográfica selectiva sobre estos temas. Las conclusiones presentan algunas de las principales tendencias que involucran estas competencias y demuestran que los estudios teóricos y prácticos con este enfoque aún están en expansión, especialmente en lo que respecta a los diferentes espacios para su promoción y el alcance de las prioridades enumeradas: personas, información, conocimiento, tecnologías, educación, ciudadanía, aprendizaje permanente y desarrollo humano y social.
Palabras clave: ALFABETIZACIÓN INFORMACIONAL; ALFABETIZACIÓN MEDIÁTICA; ALFABETIZACIÓN DIGITAL; TECNOLOGÍAS Y MEDIOS; ERA DIGITAL.
The area of Information Science recommends and incorporates the training of people to facilitate access and intelligent, ethical and legal use of information to build knowledge and promote assertive intervention in social reality. Amidst the scenario of transformations and changes, there is a need for a differential that contributes to the process of evaluation and critical use of information in environments and in different supports - Information Literacy (IL), Media Literay and Digital Literacy. The purpose of this article is to present a briefing on these competencies with theoretical reflections from origins to trends in spaces: economic, educational and cultural. It seeks to lead to understanding in this regard and its interdisciplinary interrelationship with themes of importance for contemporaneity. This is a contribution of a theoretical nature with references built through a selective bibliographical review on these themes. The conclusions present some of the main trends involving these competencies and demonstrate that theoretical and practical studies with this focus are still expanding, especially with regard to the different spaces for their promotion and the scope of the listed priorities. : people, information, knowledge, technologies, education, citizenship, lifelong learning and human and social development.
Keywords: INFORMATION LITERACY; MEDIA LITERACY; DIGITAL LITERACY; TECHNOLOGIES AND MEDIA; DIGITAL AGE.
Fecha de recibido: | 28/06/2023 |
Fecha de aceptado: | 29/08/2023 |
Estamos todos imersos em uma cultura caracterizada pelo uso das tecnologias digitais da informação e da comunicação, e dos seus recursos próprios, de tal forma que já não se pode mais viver sem a internet, tablets, celulares, androides, comunidades virtuais, redes sociais, realidade virtual, inteligência artificial, ou seja, os diversos artefatos que caracterizam e denominam esta forma de imersão: a Era Digital. Fato que afeta e modifica os hábitos, modos de interagir, de trabalhar e de aprender em praticamente todas as partes do mundo. Ressalta-se que a partir de abordagem dos autores Dudeney, Hockly; Pegrun(2016, p. 35) percebe-se que na sociedade contemporânea, caracterizada pela grande quantidade de informação e do seu acesso relativamente fácil, não há mais espaço apenas para a memorização das informações, “(...) memorizar informação vem se tornando menos importante que nossas habilidades de acessar, avaliar e administrá-la”, ficando evidente a necessidade de saber o que fazer com a informação, e saber como utilizá-la a fim de construir novos conhecimentos.
Desde o Século XIX que a área da Ciência da Informação tem procurado recomendar e incorporar a formação de pessoas para facilitar o acesso e uso inteligente, ético e legal da informação para construir conhecimento e promover a intervenção assertiva na realidade social.
Em meio a esse cenário social de transformações e mudanças, surge a necessidade de um diferencial que visa contribuir com o processo de avaliação e uso crítico da informação em ambientes variados e em diferentes suportes - a competência em informação, a competência midiática e a competência digital.
Acredita-se que, por meio do desenvolvimento das habilidades informacionais, midiáticas e no uso das tecnologias digitais, as pessoas podem aprimorar suas capacidades de verificação do que é fidedigno e do que é falso nos diferentes meios de informação e comunicação. Dessa forma, salienta-se também a importância de que os profissionais da informação devam estar plenamente capacitados, tanto para buscar as informações quanto para auxiliar os usuários nos processos de avaliação e uso da informação para a construção de conhecimento e intervir na realidade social de forma benéfica.
O propósito deste artigo é apresentar um briefing sobre competência em informação, competência midiática e competência digital, apresentando reflexões teóricas desde suas origens às principais tendências em diferentes espaços na sociedade contemporânea: econômicos, educacionais e culturais. Busca-se levar à melhor compreensão a respeito dessas competências e sua inter-relação interdisciplinar com outros temas de importância para o cenário contemporâneo. Trata-se de uma contribuição de natureza teórica cujos referenciais foram construídos por meio de uma revisão bibliográfica seletiva sobre essas temáticas. As considerações finais demonstram que no nosso contexto, os estudos teóricos e práticos com enfoque nessas competências ainda estão em processo de expansão, em especial, no que diz respeito aos diferentes espaços para a sua promoção e o alcance das prioridades elencadas: pessoas, informação, conhecimento, tecnologias, educação, cidadania, aprendizagem ao longo da vida e o desenvolvimento humano e social.
Como os ambientes sociais, de vida e trabalho dos cidadãos estão em constante mudança, existe a necessidade de cultivar novas competências e abordagens inovadoras de aprendizado, emergindo nesse contexto a competência em informação, competência midiática e a competência digital, devendo-se iniciar uma reflexão sobre o que pode ser considerado como “competência” para que haja a melhor compreensão sobre essas temáticas. Desse modo, pode-se destacar a priori que nos últimos anos, esse assunto passou a ser tema das discussões acadêmicas e empresariais, associado a diferentes instâncias de compreensão, a saber: em nível da pessoa (competência do indivíduo), em nível das organizações (core competences) e em nível dos países (sistemas educacionais e formação de competências) (Fleury; Fleury, 2000, 2001). Na concepção adotada neste artigo, a competência vai além de um estoque de conhecimentos teóricos e empíricos detido pelo indivíduo e tampouco acha-se centrada na tarefa. Para tanto, ressalta-se que de acordo com Zarifian (2003) a competência está relacionada à inteligência prática para situações apoiadas em conhecimentos adquiridos e os transformam significativamente quanto maior a complexidade das situações que envolvem a realidade social onde se inserem. Isso posto, vamos às competências que constituem o foco central desta contribuição teórica.
Inicia-se por ressaltar que a noção de Competência em Informação tem como referência a information literacy e o americano Paul Zurkowski, desde 1974, sendo considerada uma área de atenção primária no contexto internacional, principalmente, no cenário social atual que se configura como uma sociedade apoiada em informação, conhecimento e tecnologias, valendo lembrar que essa competência, desde suas origens, passou por mudanças ao longo de sua história a fim de acomodar as novas realidades nas quais tem sido conceituada, pesquisada ou colocada em prática. Diferentes fatores contribuíram para a sua consolidação e podem ser analisados em níveis teórico-práticos.
Desse modo, é preciso reportar que, em nível prático, houve evolução desde a chamada “instrução bibliográfica” e conceituações tradicionalmente reconhecidas como sendo a “educação de usuários”, um serviço integrante das bibliotecas que veio auxiliar os bibliotecários para promover um maior relacionamento e dar a conhecer seus recursos (Tyckoson, 2020). Por sua vez, em nível teórico, destacam-se perspectivas e estruturas de mudança em educação e ciência da informação, além de outras áreas, nesta Era Digital.
Sob esse prisma é possível argumentar que as mudanças nos ambientes e ecologias da informação constituem o centro das transformações em ambos os níveis. Portanto, pode-se dizer que figuram com destaque na revisão de temas e questões considerados prioritários na sociedade e perante os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 (Plataforma... 2023), os quais destacam dentre os principais compromissos, aquele que se apoia no pressuposto de que todas as pessoas, independentemente do sexo, idade, raça, etnia, e pessoas com deficiência, migrantes, povos indígenas, crianças e jovens, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade, devem ter acesso a oportunidades de aprendizagem ao longo da vida que os ajudem a adquirir os conhecimentos e habilidades necessários para explorar oportunidades e participar plenamente da sociedade. Em decorrência, as pessoas precisam de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes que lhes permitam contribuir também para o desenvolvimento sustentável em uma economia que se caracteriza como sendo informacional e digital. Ao mesmo tempo, houve uma mudança no paradigma educacional de aprendizado para aprendizagem contínua, com o processo de autodesenvolvimento realizado durante a vida inteira. Isso tem importância para a sociedade atual, uma vez que as pessoas também estão se voltando para áreas que exigem pensamento mais crítico, considerando que as mídias e tecnologias inovadoras já fazem partem do cotidiano e ganham cada vez mais espaço na vida das pessoas de todas as gerações. Prova disso é a popularização e inserção delas nas diversas ações consideradas rotineiras, isto é, faz-se uso de serviços ou recursos tecnológicos sem se dar conta, como, por exemplo: o uso do carro automático, do micro-ondas, do celular, da geladeira digital, etc. Assim, as tecnologias digitais de informação e comunicação estão em todos os lugares e passaram, nas últimas décadas, a influenciar decisivamente os modos de vida da sociedade, em especial para avaliar informações, desenvolver um tópico de pesquisa e problemas a solucionar, reconhecer notícias falsas, além de desenvolver habilidades profissionais e para a vida, a fim da inserção em empregabilidade online, pesquisar organizações e seus produtos e serviços e encontrar informações confiáveis sobre saúde e finanças, dentre outras situações do cotidiano. Desta forma, é natural que todos sejam imersos na cultura digital e fazendo, diariamente, uso dos seus recursos próprios, de tal forma que já não se pode mais viver sem a internet, tablets, celulares, androides, comunidades virtuais, redes sociais, realidade virtual, ou seja, os diversos artefatos que caracterizam e denominam esta forma de inserção social, situações que afetam e modificam os hábitos, modos de interagir, de trabalhar e de aprender a lidar com os três principais pilares dessa sociedade: a informação, o conhecimento e a tecnologia.
A competência em informação tem se tornado uma temática amplamente difundida na área da Ciência da Informação. Advinda do termo Informatio Literacy, surge nos Estados Unidos nos anos de 1970, em relatórioproduzido por Paul Zurkowski, denominado The information service environment relationships and priorities, sendo que esse autor é mencionado como pioneiro nessa área por haver afirmado que as pessoas capacitadas à utilização de fontes de informação em seu trabalho podem ser chamadas de “competentes em informação”. O texto menciona os processos de mudança que estavam porvir decorrentes das tecnologias da informação e comunicação e do novo contextoinformacional. Para o autor, as pessoas deveriam desenvolver técnicas e habilidades para o uso da informação, principalmente para a resolução de problemas advindos do âmbitoprofissional e também afirma ser a competência em informação um conjunto de técnicas e habilidades para utilizar a vasta gama de recursos de informação na solução de problemas informacionais e, nessa perspectiva, essa competência envolve o reconhecimento do valor da informação e a habilidade de ajustar a informação para atender a distintas necessidades de informação no contexto de explosão informacional (Zurkowski, 1974).
Nos anos de 1980, em outro documento a American Library Association (ALA, 1989) intitulado Report of the Presidential Committee on information literacy: Final Report estabeleceu que a competência em informação tem função social e que existe uma relação com o exercício da cidadania. Além disso, também apontou sua importância para as questões envolvendo a solução de problemas e a tomada de decisão apoiados na importância da informação. Esse relatório destacou a necessidade da existência de novo modelo de aprendizado que estabeleça o desenvolvimento de pessoas com pensamento crítico e envolva a aprendizagem ao longo da vida como parâmetro norteador, a fim de se minimizar lacunas entre currículos, salas de aula e bibliotecas, permitindo a formação de profissionais e cidadãos integrados de forma eficiente e eficaz na sociedade (Dudziak, 2003).
Desse modo, pode-se afirmar que a competência em informação, do ponto de vista conceitual, visa dotar as pessoas para que possam desenvolver um conjunto de conhecimentos, habilidades atitudes e valores relacionados ao universo informacional, tais como: identificar necessidades de informação, buscar, avaliar, usar e comunicar a informação de maneira ética e legal, sendo relacionada à cidadania, ao uso das tecnologias digitais de informação e comunicação e ao aprendizado ao longo da vida. Destaca-se que para a American Library Association (2008) essa competência corresponde a um conjunto de habilidades que exige que as pessoas reconheçam quando as informações são necessárias e tenham a capacidade de localizar, avaliar e usar efetivamente as informações necessárias. Em outros momentos, conta-se também a descrição dessa competência como sendo uma prática socialmente situada, sendo necessária para que as pessoas se tornem social e civicamente incluídas em suas comunidades e no exercício da cidadania, sendo um elemento crítico no mundo do trabalho, onde as pessoas estão vivenciando também rápidas transformações na área das inovações tecnológicas em curso.
A competência em informação, na Era Digital que se vivencia, pode ser identificada, por meio de três dimensões:
Competência em informação para a cidadania: compromisso ativo com a comunidade, política e desenvolvimento global mediante o livre acesso e o uso crítico de dados e informação;
Competência em informação para o crescimento econômico: fomento desenvolvimento de empresa já existentes e de nova criação mediante o uso criativo e intensivo do conhecimento e a combinação eficiente dos serviços de informação; e,
Competência em informação para a empregabilidade: educação, formação e desenvolvimento continuam de todos os conhecimentos, habilidades e estratégias necessárias para o acesso e o êxito econômico (Belluzzo; Feres, 2013, pp. 68).
Por sua vez, ainda refletindo sobre as origens e evolução da competência em informação nos anos 90, houve a sua consolidação em diversos programas desenvolvidos como resultado de parcerias entre a área de educação e as bibliotecas. Assim, de acordo com as afirmações de Behrens (1992) a Assembleia Geral das Nações Unidas elegeu como sendo o International Literacy Year em 1990, o que demonstrou haver uma década de ações voltadas à redução do analfabetismo e, em especial no que se refere à competência em informação, permitindo muitas variações de perspectiva e que levaram a contrapontos entre os bibliotecários na adoção de abordagem centrada na biblioteca e se concentraram no desenvolvimento de habilidades de pesquisa mais eficazes, e os professores/ pesquisadores que a entenderam como parte do processo de aprendizagem, de acordo com Hatschbach (2002). Destaca-se que, ainda nos anos de 1990, surgiu o “(...) Institute for information literacy da ALA - ACRL, cujo objetivo era capacitar bibliotecários e dar suporte à implementação de programas educacionais no ensino superior” (Dudziak, 2003, p. 27). Outra contribuição de importância para a área é de autoria de Christine Bruce (2009), pesquisadora australiana, que, em sua tese intitulada Information literacy: a phenomenograph, utilizando-se da fenomenografia, criou um modelo relacional, que analisava a competência em informação como um fenômeno experimentado por indivíduos que interagem e vivenciam o universo informacional, ou seja, que usam a informação de forma competente. Um outro marco internacional de referência foi a publicação da American Library Association (ALA,1998) do relatório denominado como A Progress Report on Information Literacy: An Update on the American Library Association Presidential Committee on Information Literacy: Final Report que trouxe atualização de questões constantes em relatório anterior (ALA,1989) acerca do cenário de ações e investimentos nos Estados Unidos para a área da competência em informação. O que merece destaque nesse documento é haver a menção principalmente para as tecnologias, ressaltando, entretanto, que o foco nas mesmas não seria suficiente para utilizar todo o potencial próprio da sociedade da informação, tanto na área de educação, quanto nos negócios, salientando a necessidade dos jovens desenvolverem as habilidades concretas dessa competência. Esse relatório fez recomendações anteriores, inserindo seus avanços e indicando novas sugestões visando outras evoluções, ponderando-as como ações prioritárias para o novo milênio no contexto americano, segundo Furtado (2019). Uma síntese de algumas dessas ações podem ser destacadas: 1 - Que haja a promoção da competência em informação como uma prioridade para todas as áreas da educação, incluindo a força de trabalho; 2 - Que exista um Fórum Nacional sobre esse tema junto de organizações adicionais que representam o governo, as empresas e a educação; 3 - É preciso encorajar, apoiar e rastrear pesquisas e projetos sobre competência em informação; 4 -; É preciso que seja criado um plano com foco em programas de formação de professores para infundir os requisitos de competência em informação em programas de graduação e pós-graduação na educação dessa área (Santos, 2020).
Pode-se considerar também como um importante marco para a competência em informação a ‘Proclamação de Alexandria’ e que se denomina “Os Faróis da Sociedade de Informação” - The Alexandria Proclamation ‘Beacons of the Information Society’ (IFLA, 2005). Esse documento validou a importância da inclusão social, do desenvolvimento socioeconômico e da promoção do bem-estar das pessoas mediante a existência de políticas, programas e projetos envolvendo a competência em informação e aprendizado ao longo da vida, requisitos considerados fundamentais para o trabalho e qualidade de vida.
Por sua vez, uma nova visão acerca da conceituação da competência em informação foi oferecida e aceita pelos pesquisadores desse tema em caráter internacional. Trata-se da contribuição de Addison e Meyers (2013, pp.1) que afirmaram que essa competência precisa ser compreendida em três categorias: um conjunto de habilidades, pensamento crítico ou como um fenômeno social ou prática. Esses autores forneceram uma estrutura para seguir a progressão das definições da competência em informação no decorrer do tempo, considerando-se que as primeiras eram baseadas em habilidades, mas, que logo foram seguidas pela introdução de modelos cognitivos, os quais influenciaram a mudança da concepção em habilidades para a maneira de pensar no desenvolvimento dessa competência em diferentes ambientes, especialmente o acadêmico, sendo ampliada a sua abrangência também para a área de negócios e do trabalho.
Ressalta-se, ainda, no que se refere ao entendimento da competência em informação, que se deve apoiá-la no novo contexto social e em suas transformações decorrentes da Era Digital. Assim, reporta-se à contribuição que, desde o início deste século, já apontava que essa competência pode ser compreendida envolta em duas dimensões que ajudam no desenvolvimento humano e social: a primeira “(...) voltada ao domínio de saberes e de habilidades de natureza variada levando a interpor práticas em sua realidade e a outra dimensão ligada a um olhar crítico com ações e compromissos voltados às demandas e necessidades da sociedade atual” (Belluzzo, 2007, pp. 34). Além disso, é preciso reportar também a contribuição que nos oferece o documento CILIP Definition of Information Literacy 2018 onde se encontraum conceito expandido e a descrição de diferentes âmbitos e dimensões para a aplicação da competência em informação no contexto contemporâneo, a saber:
A competência em informação está presente nas informações em todas as suas formas: não apenas em textos impressos, mas também em conteúdo digital, dados, imagens e na palavra falada. Está associada e se sobrepõe a outros letramentos, incluindo especificamente: competência digital, acadêmica e midiática. Seu conceito não é autônomo e está alinhado com outras áreas do conhecimento e novas formas de compreensão. Ajuda a entender as questões éticas e legais associadas ao uso de informações, incluindo privacidade, proteção de dados, liberdade de informação, acesso aberto/dados abertos e propriedade intelectual. É importante ressaltar que a competência em informação é empoderadora e um importante colaborador democrático, inclusivo, e participativo para a sociedade; interpretada pela UNESCO, como um direito humano universal (tradução nossa) (CILIP, 2018, pp.3).
Outro documento de importância que merece destaque intitula-se Media and information literate citizens: think critically, click wisely! (Grizzle et al., 2021) e que traz a oferta de um novo currículo da Unesco e que foi desenvolvido para servir como marco global para o desenvolvimento da competência em informação, além de proporcionar uma base sólida para o trabalho atualizado com governos, meios de comunicação, sociedade civil e as plataformas digitais, trazendo como tema central uma agenda global de educação.
Registre-se que essa competência têm sido bastante pesquisada e divulgada nos países desenvolvidos e os estudos e pesquisas sobre a mesma, em âmbito internacional, acham-se direcionados às questões, tais como: construção de modelos teóricos; desenvolvimento de padrões e diretrizes que sejam parâmetros para os modelos; aplicação dos padrões à realidade social e ao ambiente digital emergente, envolvendo reflexões sobre os fatores críticos resultantes de experiências comprovadas e em andamento para que apresentem êxito de acordo com métodos de avaliação adotados. É importante mencionar também o documento Global Perspectives on Information Literacy: Fostering a Dialogue for International Understanding (ACRL, 2017) que reúne a contribuição de vários bibliotecários acadêmicos americanos e internacionais em um único documento, buscando conectar e promover uma importante interlocução a respeito das abordagens de natureza vária e que têm como foco a competência em informação com o objetivo de obter uma melhor compreensão de como esses profissionais têm promovido a aprendizagem dos usuários por meio do desenvolvimento dessa competência com o envolvimento nas diferentes culturas.
No contexto brasileiro, essas iniciativas têm aumentado mais lentamente e, embora tenham ocorrido desde 2000, com as contribuições de Caregnato (2000); Belluzzo (2001); Dudziak (2001); Campello (2002) e Hatsbach (2002) em estado inicial de difusão e investigação, acham-se emergindo na literatura nacional com relatos de estudos teóricos e de algumas experiências de sua aplicação, destacando-se instituições como a Federação de Associações de Bibliotecários e Cientistas da Informação (FEBAB) e o Instituto Brasileiro da Ciência, Tecnologia e Inovação (IBICT), e da área de Ciência da Informação e outras relacionadas (Educação, Mídia e Tecnologia, Arquivologia etc.) com ações e programas para fomentar a inserção desse tema em seus contextos de graduação, pós-graduação e pesquisa. São considerados, ainda, marcos e referenciais da competência em informação no Brasil a “Declaração de Maceió sobre a competência em informação” (DECLARAÇÃO..., 2011); “Manifesto de Florianópolis sobre a Competência em Informação e as Populações Vulneráveis e Minorias (MANIFESTO..., 2013) e “Carta de Marília” (UNESP, 2014).
Ainda, de acordo com Simeão et al. (2019), a Associação Nacional de Pesquisa e Pós- Graduação (ANCIB) tem promovido o Seminário de Competência em Informação, desde o ano de 2014, como parte da programação do Pós-ENANCIB, em parceria com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT- MCTIC), Unesp e UnB com o objetivo de criar um espaço de reflexão, discussão e compartilhamento de experiências e práticas sobre a competência em informação e sua articulação com as Redes de Conhecimento Colaborativo, desenvolvidas por pesquisadores da Ciência da Informação no Brasil, reconhecendo ser necessária uma integração entre pesquisadores e instituições, para promover a garantia da sua consolidação. Destaca- se aqui, para aqueles que tiverem interesse em informações sobre essa competência no contexto brasileiro, a revisão da literatura nacional que permitiu o estabelecimento do estado da arte desse tema no período compreendido entre 2000 e 2016, a qual se apresenta em forma de E-Book intitulado como “A Competência em Informação no Brasil: cenários e espectros”, e que foi publicado pela Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação (ABECIN), de autoria de Belluzzo (2018). Mais recentemente, a FEBAB, que desde 2003 vem promovendo e fomentando a CoInfo por meio do apoio e organização de eventos tais como: oficinas, workshops, cursos, palestras, seminários etc., criou o ‘Grupo de Trabalho de Competência em Informação’ buscando constituir ações e estratégias para fortalecer a criação de uma rede colaborativa e associativa que objetiva trilhar a conscientização, a promoção e o desenvolvimento dessa competência no cenário nacional (FEBAB, 2020). Entretanto, é importante ressaltar que, a despeito de inúmeras ações envolvendo a competência em informação, o país ainda se ressente de políticas públicas para esse novo cenário social.
A Era Digital trouxe consigo um contexto repleto de máquinas inteligentes conectadas e que permitem a comunicação de modo instantâneo, sendo um ecossistema social e cultural mediado pela tecnologia digital, o que requer conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que permitam a expressão e convivência com a mesma de forma adequada e assertiva. Esta é uma era que parece emergir em substituição àquela industrializada e que, por sua vez, substituiu a da agricultura. Vivencia-se, talvez, um terceiro ciclo que traz consigo a renovação de ideias, ações e pensamentos que marcaram a história da humanidade. Além disso, tendo em vista as transformações sociais em curso, atualmente, tem importância o estabelecimento de uma estreita relação entre a competência em informação (information literacy), a competência midiática (media literacy) e a competência digital (digital literacy) considerando-se que a informação e a comunicação são situações ditas borderline na sociedade contemporânea. Como consequência, a Unesco recomendou que essas competências devem ser articuladas e desenvolvidas em conjunto, conforme destacaram Wilson et al. (2013, pp. 11):
(...)Movida pelos avanços tecnológicos nas telecomunicações, manifesta-se também a proliferação das mídias e de outros provedores de informação, por meio de grandes quantidades de informação e conhecimento que são acessadas e compartilhadas pelos cidadãos. Com esse fenômeno, e partindo dele, existe o desafio de avaliarmos a relevância e a confiabilidade da informação sem quaisquer obstáculos ao pleno usufruto dos cidadãos em relação aos seus direitos à liberdade de expressão e ao direito à informação. É nesse contexto que a necessidade da alfabetização midiática e informacional (AMI) deve ser vista (...).
Valendo lembrar, ainda, que também existe a recomendação de que a AMI seja um elo com a competência digital a partir de framework global elaborado pela Unesco durante a European Commission’s Digital Competence Framework for Citizens (DigComp 2.1) (Carretero Gomez, Vuorikari, Punie,2018, pp. 23-25). Essa recomendação é impulsionada por um conjunto de tecnologias disruptivas, como por exemplo: robótica, inteligência artificial (IA), realidade aumentada, big data, nanotecnologia, impressão 3D, biologia sintética e Internet das Coisas (IoT), onde cada vez mais, dispositivos, equipamentos e objetos, são conectados uns aos outros por meio da internet. Sabe-se que muitas destas tecnologias estão ainda em fase inicial e seu real potencial não foi explorado em sua totalidade, mas, de fato criam-se novas demandas sociais e ocupacionais e, em decorrência, cada vez mais tanto a competência em informação como a competência midiática e a competência digital, têm sido consideradas condição sine qua non para que a cidadania e o aprendizado ao longo da vida possam ser exercidos com a sua totalidade de oportunidades e benefícios à sociedade nos âmbitos: econômico, educativo e cultural.
De acordo com Borges e Silva (2019, pp.15-18) “o estudo sistematizado da Competência Midiática tem início a partir de iniciativas da Unesco relacionadas com a educação para as mídias e tem sido impulsionado também pelos estudos financiados pela Comissão Europeia”. Essas autoras ainda mencionam que:
Mesmo participando de órgãos internacionais que incentivam a adoção de políticas de fomento à competência midiática como a Unesco e a Aliança das Civilizações, as iniciativas políticas relacionadas aos estudos sobre competência midiática ainda necessitam ser reconhecidas como uma área estratégica de investimento público no Brasil. Isso pôde ser notado quando da realização da reunião da Aliança das Civilizações no Rio de Janeiro em 2010, na qual a competência midiática não teve destaque no documento final.
Na contemporaneidade a comunicação e a influência das pessoas nos fluxos de mídia foram ampliados, sendo que a internet e, principalmente, a emergência das redes sociais digitais permitiram o desenvolvimento de comunidades mais segmentadas e a troca instantânea de informação, segundo afirmou Bennett (2014), o que leva à necessidade de entendimento acerca da emergência da necessidade da competência midiática.
O conceito de competência midiática envolve compreender que ser competente em acesso e uso da mídia é ser capaz de aceder aos media, de compreender as suas mensagens, de analisá-las e de compreendê-las em diversos contextos. Entretanto, aparentemente pode-se pensar ser relativamente simples identificar e circunscrever em domínios teóricos de análise um conjunto de competências que se acham envolvidas (competências técnicas, competências crítico-cognitivas, por exemplo), mas, há necessidade de um processo educativo para o seu desenvolvimento.
A competência midiática, também denominada por Buckingham (2009, 2015), como “alfabetização midiática” tem por objetivo a construção de habilidades e de competências, mas compreende ainda a construção do pensamento crítico e cultural sobre as antigas e as novas mídias, envolvendo as pessoas nos diferentes espaços educacionais, econômicos e culturais da sociedade contemporânea. Para esse autor, na Era Digital é condição essencial a familiarização com uma nova condição mundial e, desse modo, tem importância a educação no acesso e uso da informação e da mídia e tecnologias in continuum.
No que se refere ainda à conceituação da competência midiática, cabe destacar que segundo Ferrés e Piscitelli (2015, pp. 3 - 4):
O conceito de competência nasceu associado ao mundo do trabalho e dos negócios. Gradualmente foi sendo incorporado ao mundo acadêmico até se converter em um conceito central para as reformas educativas na maioria dos países da União Europeia, incluindo a Espanha. A competência é geralmente entendida como uma combinação de conhecimentos, habilidades e atitudes consideradas necessárias para um contexto determinado (...) A competência midiática deverá contribuir para o desenvolvimento da autonomia pessoal de cidadãos e cidadãs, bem como o seu compromisso social e cultural.
Pode-se considerar uma pessoa competente em mídia aquela que é capaz de produzir e consumir com critérios críticos e de modo proveitoso o conteúdo digital e midiático. Entretanto, vale ressaltar que não se trata apenas de consumir de forma reflexiva as mensagens da mídia e do ambiente digital, mas também de produzir e disseminar de forma satisfatória as informações que constituem conteúdos de qualidade, criativos e úteis, ao interagir, debater e compartilhar esses conteúdos por meio da mídia e das tecnologias.
Salienta-se, ainda, que o estudo sobre a competência midiática adquire relevância, tanto em termos de consumo e práticas culturais, quanto de produção criativa por parte das pessoas, considerando-se o contexto de convergência de mídias e da sociedade em rede na atualidade. Em decorrência, a educação tem o desafio do comprometimento com a formação de indivíduos autônomos, críticos e criativos em relação a uma cultura midiática, considerando suas perspectivas: ética, estética, política, tecnológica e econômica. No entanto, é possível afirmar que, a despeito de uma grande presença de múltiplas telas e de estudos que têm sido desenvolvidos tanto no campo da educação quanto da comunicação, ainda há necessidade de maiores experiências voltadas ao desenvolvimento da competência midiática se levarmos em conta a sua importância e relevância para o fomento de uma cidadania crítica e ativa.
Borges e Silva (2019) mencionou que o objetivo da competência midiática é aumentar o conhecimento sobre as diversas formas de mensagens midiáticas presentes na vida contemporânea e ajudar as pessoas a compreenderem a forma como as mídias filtram percepções e crenças, formatam a cultura popular e influenciam as escolhas individuais, habilitando para o pensamento crítico e a resolução criativa de problemas a fim de que possam ser consumidores sensatos e produtores de informação.
Destaca-se, ainda, que integrando o conceito de competência midiática a articulação de seis dimensões entendidas tanto no âmbito da análise (a forma como se analisa e se avalia uma mensagem midiática) quanto da expressão (a forma como se expressa por meio das mídias) (Ferrés e Piscitelli, 2015, pp.3-4) conforme se descreve no Quadro 1.
Quadro 1- Dimensões da Competência Midiática
Dimensões | Descrição |
---|---|
Tecnologia |
Capacidade de acesso e uso das inovações tecnológicas que possibilitam uma comunicação multimodal e multimídia. |
Linguagem |
Capacidade de interpretar e avaliar os recursos digitais e diferentes códigos de representação da realidade e de modificar produtos existentes dando-lhes um novo significado, sentido e valor. |
Processos de Interação e de Colaboração |
Capacidade de acessar e compreender mensagens provenientes de outras culturas, bem como atuar de forma colaborativa mediante a conectividade e a criação de plataformas que facilitem acesso e uso das redes sociais digitais. |
Produção e Difusão |
Capacidade de acessar e usar, basicamente, os sistemas de produção, as técnicas de programação e os mecanismos de difusão das informações e conteúdos digitais. |
Ideologia e Valores |
Capacidade de avaliar a confiabilidade frente às informações e conteúdos e de, após análise crítica , poder chegar às conclusões assertivas do que foi dito e do que foi omitido. |
Estética |
Capacidade de demonstrar a sensibilidade para reconhecer uma produção midiática que não se adequa às exigências mínimas de qualidade estética. |
Fonte: Elaborado a partir de Ferrés e Piscitelli (2015, pp.3-4).
Vale lembrar que contamos com as considerações e orientações da Unesco (2016b) ao defender que a inter-relação entre a competência em informação e a competência midiática deve ser uma das “pré-condições do desenvolvimento sustentável e ajudará a garantir que todos se beneficiem da Declaração Universal dos Direitos Humanos, particularmente da liberdade de expressão e do acesso à informação.” Destaca-se que, em 2011, o livro Media and Information Literacy: curriculum for teachers (Wilson et al. 2011) foi lançado pela Unesco, sendo que uma versão em português foi publicada em 2013, em parceria com a Universidade Federal doTriângulo Mineiro (UFTM) (Wilson et al. 2013), além de reconhecer que o alcance de níveis adequados em relação à competência em informação e à competência midiática, há necessidade da existência de políticas nacionais no documento intitulado Media and Information Literacy - Policy and Strategy Guidelines. (Grizzle et al. 2013).
Ainda, no âmbito da Unesco, sobre a competência midiática, destacam-se os documentos Framework and Action Plan of the Global Alliance for Partnerships on MIL (Unesco, 2013), Declaração de Paris MIL in the Digital Age (2014) e as Recomendações de Riga Media and Information Literacy in a Shifting Media and Information Landscape (2016b). Ressalta-se, também, a tradução para o português do documento “Marco de Avaliação Global da Alfabetização Midiática e Informacional” (Unesco, 2016a) que fornece recursos e instrumentos para os gestores de políticas públicas desenvolverem estratégias e ações concretas para garantir a aquisição da competência em informação e competência midiática a todos os cidadãos.
Destarte, ainda é possível tratar a necessidade e a importância da competência midiática, em especial, com a mudança de enfoque, considerando-a principalmente como um recurso para contestar os prejuízos decorrentes do que se denomina como sendo “desinformação”, uma vez que segundo Sádaba e Salaverría (2023) é preciso ter uma nova interpretação e, em lugar de considerar que os meios deveriam formar a cidadania, além de entretê-la e informá-la , a própria cidadania é que deve formar para o bom uso da mídia, para que as pessoas sejam capazes de identificar a informação verdadeira e confiável e a distinguir daquelas consideradas falsas (fake news). Em síntese, frente ao desafio da desinformação, cresce a ideia de que a competência midiática pode ser a chave.
Salienta-se que, ao lado da competência em informação e da competência midiática, na contemporaneidade, ainda é preciso destacar e compreender também uma nova demanda - a competência digital.
É certo que, atualmente, conta-se com uma importante infraestrutura digital em todo o mundo. Entretanto, tem importância reconhecer o papel e o uso crítico das redes sociais na nova era da informação - a Era Digital. Essas plataformas, inclusive, são as principais provedoras das oportunidades de aprendizado ao longo da vida e de aprendizagem informal, oferecendo diferentes recursos de acesso e uso da informação, a despeito de contribuir também com a informação incorreta, a desinformação e as fake news, o que constituem desafios significativos para os diferentes contextos e espaços sociais.
Há necessidade de contrapor a esses efeitos negativos das redes sociais por meio de ações envolvendo o aprendizado ao longo da vida, a competência digital e a reflexão sobre a aprendizagem guiada por algoritmos, porém, todas voltadas para o bem comum.
Destaca-se que as tecnologias digitais de informação e comunicação têm um papel importante a desempenhar nesse cenário porque hoje existe um mundo cada vez mais hiperconectado, sendo que as pessoas devem ser capazes de adquirir e atualizar continuamente as habilidades digitais necessárias para participar plenamente da sociedade contemporânea, enquanto trabalhadores, consumidores e cidadãos ativos. Essas habilidades integram a competência digital e são primordiais para o alcance de objetivos políticos essenciais na área de uma economia informacional, como por exemplo, a manutenção da empregabilidade, atenção às necessidades de mercado com as demandas da Revolução 4.0, fortalecendo a inclusão social e contribuindo para uma realidade democrática. Além disso, na área de educação, as tecnologias podem oferecer formas inovadoras de envolver, apoiar e avaliar as condições de um ensino e aprendizagem mais adaptável e receptivo. Ademais, vale salientar que não se trata apenas do acesso às tecnologias, e sim, obter também a capacidade de utilização de forma eficaz, legal e ética, inclusive, no mundo do trabalho.
Mas, afinal, como se pode conceituar a competência digital? Para Hobbs (2010), ao se reportar à competência digital, é preciso contextualizá-la com a competência midiática, uma vez que são conceitos convergentes. Ambos envolvem o ambiente digital em constante mudança e que está relacionado à existência de diferentes e variadas formas de comunicação relacionadas a todas as pessoas e que se apoiam nas competências de acesso às mídias e informação (encontrar e usar as mídias e tecnologias com habilidade e compartilhar informações apropriadas e relevantes com outras pessoas), análise e avaliação (compreender as mensagens e usar o pensamento crítico para analisar a qualidade, veracidade, credibilidade e ponto de vista, considerando os possíveis efeitos ou consequências das mensagens) e elaboração de conteúdos com criatividade e ética (compor ou gerar conteúdo usando criatividade e confiança na auto expressão, com consciência de propósito, público e técnicas de composição), além da reflexão (aplicar a responsabilidade social e princípios éticos à própria identidade e experiência vivida, e ter um comportamento e conduta de comunicação sobre a experiência vivenciada), e ação de forma individual e colaborativa (trabalhar de forma individual e colaborativa para compartilhar conhecimento e resolver problemas na família, no local de trabalho e na comunidade, e participar como membro de uma comunidade nos níveis local, regional, nacional e internacional).
Pode-se dizer que, historicamente, a competência digital era vista como algo em separado do que se denominou como sendo “competência audiovisual”, uma vez que esta última era considerada centrada nos conhecimentos, habilidades e atitudes relacionadas com os meios de comunicação de massa e linguagens audiovisuais e a primeira abordava a capacidade de busca, processamento, comunicação, criação e difusão de informações e conteúdos por meio de recursos tecnológicos. Em verdade, convive-se atualmente com a multimodalidade como nova tendência na comunicação da informação e de conteúdos, com os textos adquirindo novas configurações e múltiplas formas de linguagem. Para Gutiérrez-Martin e Tynes (2012) a partir de diferentes abordagens e concepções que envolvem o estudo das mídias, da competência midiática e da educação, é possível alcançar posições integradoras, propondo uma alfabetização para o século XXI, caracterizada por ser informacional, midiática, digital, crítica e funcional. Ressaltam, ainda, que é preciso atentar para que a educação midiática não seja reduzida apenas ao desenvolvimento da competência digital e, tampouco que esta seja entendida apenas com foco no conhecimento técnico, relacionando-a tão somente aos procedimentos de uso e gerenciamento de dispositivos e programas, deixando de considerar a importância das atitudes e valores.
Para Bawden (2001), o conceito de competência digital (Digital Literacy) foi popularizado por Paul Gilster que definia, de modo geral, como sendo a capacidade da pessoa compreender e usar informações numa variedade de fontes nos meios digitais. Entretanto, “na atualidade, esse conceito foi ampliado e está vinculado a outras competências e habilidades baseadas nas TIC juntamente com um conjunto de compreensões e atitudes em relação à avaliação de informações e conhecimentos”, segundo Rosetto (2021, pp. 64).
De acordo com Martin (2008) a competência digital pode ser concebida em três níveis: 1o. - Domínio das competências digitais (habilidades, conceito, abordagens, atitudes, etc.); 2o. - Uso criterioso da aplicação das ferramentas digitais de forma contextual e apropriada; 3o. - Reflexão crítica e compreensão quanto ao poder transformador e do impacto humano e social das ações digitais.
Por sua vez, Rosetto (2021, pp.64-65), identificou também quatro componentes que representariam essa competência e que estão relacionados no Quadro 2.
Quadro 2 - Componentes da Competência Digital
Componentes | Dimensões | Comentários |
---|---|---|
Fundamentos |
Capacitação propriamente dita. Conhecimentos de informática/TIDC. |
Refletem as habilidades tradicionais e também a capacitação em informática como base para a capacitação no uso de meios digitais. |
Conhecimento e Experiência |
Conhecimento sobre o universo informacional e a natureza dos recursos de informação. |
Compreendem o conhecimento das formas de acesso às publicações utilizadas antes da informatização, a fim de subsidiar o uso das novas maneiras de como se encaixam atualmente no mundo da informação digital. |
Competências-Chave |
Ler e compreender formatos digitais e não digitais. |
Constituem a base para ser considerada uma pessoa apta e competente no uso da informação e dos meios digitais. |
Atitudes e Perspectivas |
Aprendizagem independente Competência ética/ social |
Consideram que as atitudes devem estar associadas a uma base educacional que permite o uso independente, adequado, legal e ético das TIDC. |
Fonte: Adaptado de Rosetto (2021, pp.64-65).
Ressalta-se que a Unesco tem contribuído com inúmeros projetos contendo diretrizes para a formulação de políticas e estratégias a fim de que os países promovam a competência em informação e a competência midiática, destacando que a informação, mídia e provedores de informação são elementos fundamentais para os cidadãos, procurando identificar e reunir uma matriz referencial com propósito de harmonizar os vários tipos de competências e habilidades relacionadas à Era Digital. Em 2018, esse organismo internacional lançou o documento "Digital Literacy Global Framework - DLGF", o qual tem estreita relação com a Agenda 2030, em especial com o Objetivo 4 (Educação de Qualidade), em meio aos "17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS ". Nele oferece uma definição para a competência digital como sendo "a capacidade de acessar, gerenciar, compreender, integrar, comunicar, avaliar e criar informações de forma segura e adequada por meio de tecnologias digitais para o emprego, trabalho e empreendedorismo (Unesco, 2018, pp.6). Além disso, inclui também competências que são conhecidas como: alfabetização em computação, alfabetização em TIC, alfabetização em informação e alfabetização midiática. Além disso, propõe um referencial de competências/habilidades que podem ser utilizadas para o desenvolvimento de programas de capacitação, tais como: competência para informação e dados, competência para comunicação e colaboração, criação de conteúdos digitais, segurança e resolução de problemas (Rosetto, 2021).
Cabe-nos destacar, ainda, que devemos concordar e defender as recomendações da Unesco em sua postura integradora no que diz respeito à competência em informação, competência midiática e competência digital porque, como se procurou demonstrar, podem existir diferenças de natureza borderline em suas especificidades, destacando-se sua importância no que tange ao seu fim comum voltado a uma formação integral e, ainda, embora apresentem características e dimensões diferentes, elas se complementam quando pensadas de forma múltipla e global.
O tema “competências”, desde a última década do século XX vem sendo tratado quase como uma linguagem fundamental em todo o mundo. Destaca-se aqui que, em especial, a competência em informação, competência midiática e competência digital que estão diretamente relacionadas em disposições e habilidades para buscar, processar e comunicar a informação, transformando-a de forma inteligente, ética e legal em conhecimento. Incorporam situações do cotidiano das pessoas que vão desde o acesso e uso da informação que, após as informações serem devidamente tratadas, incluem até sua divulgação em diferentes meios e suportes, o que se relaciona com a necessidade da utilização de tecnologias digitais de informação e comunicação como elemento essencial para que as pessoas possam se informar, aprender ao longo da vida e comunicar-se na Era Digital.
Sem dúvida alguma, essas competências estão associadas à busca, seleção, registro e tratamento da informação, análise e reflexão crítica sobre a informação, utilizando técnicas e estratégias de natureza vária, considerando o tipo de fonte que foi acessada e o suporte utilizado para tanto (oral, impresso, digital, audiovisual ou multimídia). Em decorrência, isso requer o domínio de linguagens específicas (textual, numérica, visual, gráfica ou sonora), além do conhecimento de suas formas de decodificação e transferência, com as diversas aplicações em diferentes situações e contextos, informação e fontes de diferentes tipos, suas possibilidades e onde podem ser identificadas e localizadas.
Vale lembrar que não podemos olhar para essas competências com uma visão reducionista, de tal forma que se possa entender que é preciso apenas saber como utilizar a tecnologia digital para o manejo da informação, priorizando os conteúdos e associados à desinformação, fake news e outras situações que estão sendo mais evidenciadas. Desse modo, é preciso considerar essas competências em uníssono e amalgamadas, embora apresentem diferentes características ou dimensões, além de padrões e indicadores, são complementares entre si, evidenciando a necessidade de uma formação, quer seja formal ou informal, para o seu desenvolvimento e inserção nos diferentes espaços sociais: econômicos, educacionais e culturais na Era Digital que se vivencia no mundo contemporâneo, uma vez que a informação, em sua grande parte, acha-se digitalizada e multimodal, mediante a convergência de texto, som, imagem, vídeos e animação, contando com recursos até mesmo da Inteligência Artificial (IA).
É preciso haver a conscientização de que as tecnologias digitais de informação e comunicação têm sua existência apoiadas em interesses ideológicos e econômicos, sendo importante analisar as audiências, os usuários, observar melhor os produtos decorrentes dessas inovações como construções e representações da realidade, entretanto, centradas na competência em informação, competência midiática e competência digital, o que inclui basicamente: compreensão, pensamento crítico, criatividade, consciência intercultural e cidadania, em inter-relação com as atitudes e valores.
Assim, não é possível reduzir essas competências apenas em uma dimensão técnica, tecnológica ou instrumental, sendo que o seu desenvolvimento deve estar pautado no pensamento crítico, na cooperação e no diálogo, na gestão e produção de novos saberes, na prática de diferentes estilos e abordagens de aprendizagem, na diversidade e na sustentabilidade nos espaços sociais de natureza vária, quer sejam econômicos, educacionais e culturais.
Diante do exposto, é importante ressaltar também que, na Era Digital, várias tendências estão surgindo na sociedade em relação aos enlaces e concepções da competência em informação, midiática e digital. Algumas das principais tendências podem ser sintetizadas conforme segue:
Certamente, que outras tendências ainda estarão emergindo em razão de se vivenciar avanços tecnológicos e novas demandas sociais em curso, porém, essas tendências ora apresentadas, já fortalecem a importância da existência de programas para desenvolver a competência em informação, competência midiática e competência digital promovendo a inserção e a navegação com sucesso na Era Digital, aproveitando melhor os benefícios e vantagens que por elas são oferecidos. É importante não se limitar à capacidade de gerir e tratar conjuntos/matrizes de informação através de aplicações com interfaces que apresentam apenas facilidades em utilizar, mas, incluir a capacidade de orientação em ambientes e aplicações que abrem possibilidades, proporcionando vantagens competitivas e novas oportunidades educacionais, culturais e até mesmo profissionais e econômicas, enquanto diferenciais com potencial de aplicação aos diferentes espaços sociais e organizacionais para a sua promoção e o alcance das prioridades envolvendo: pessoas, informação, conhecimento, tecnologias, educação, cidadania, aprendizagem ao longo da vida e o desenvolvimento humano e social.
Ressalta-se, nesse cenário, a necessidade de uma dimensão de cultura digital que, certamente, compreende as práticas sociais e culturais da sociedade do conhecimento, a cidadania digital alinhada a uma dimensão da competência em informação, competência midiática e competência digital e o conhecimento e domínio dos entornos inovadores que as integra. Para tanto, em decorrência, é de suma importância atentar para: os processos de acesso, busca e uso da informação de forma inteligente, as diferentes linguagens que permitem uma codificação das mensagens no nosso dia a dia, a recepção e compreensão das mesmas mediante reflexão e crítica, a tecnologia que as divulga e suporta, a produção, as políticas envolvidas e a ideologia que as mobiliza, a participação que permite o exercício da cidadania e da criatividade humana em meio, até mesmo, das inteligências artificiais que se fazem presentes na sociedade contemporânea e que deverão nos remeter como seres humanos a um futuro com inúmeras oportunidades de benefício coletivo. Tais são as nossas reflexões e as nossas esperanças na importância e nos desafios futuros a enfrentar para o desenvolvimento dessas competências...
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La editora responsable por la publicación del presente artículo es María Gladys Ceretta.
La autora elaboró el 100% del presente artículo.